De repente um insight! Páginas já amontoadas com o
peso dos anos começam a voar novamente. Deu trabalho remontar a história, achar
o fio condutor que lhe desse coerência, sentido. Entretanto, os ventos de
outrora vem e vão.
Estar seguro
demais é inseguro! Ora! Que loucura! Voltar ao começo! Não é certo! O que é
certo?
Já é louvável parar com as divagações. Vamos
ao motivo de minha mente no papel!
Deitar, fechar
os olhos, arrumar o cobertor, e dormir seriam ofícios fáceis demais se isso
realmente fosse a aspiração última de todo ser humano. Mas colocar a cabeça no
travesseiro e simplesmente dormir não é tão prudente quando se trata de rever,
remexer, mergulhar e descobrir aquilo que ainda precisa ser resolvido.
Remexer
significa levantar a poeira, já empastada, e que nos impõe questionamentos
contra nós, como se fôssemos alados (e será que não o somos?) e que nos fazem
ver o quanto a vida é trágica, senão cômica. Às vezes, prefiro ver a vida com
comicidade, como se estivéssemos num teatro, sim, T-E-A-T-R-O! Luz, vida e ação!
Outrossim,
existe a reação! E sobre isso trataremos quando a xícara de café já estiver
morna.
Retomemos;
quando me refiro ao fato de sermos alados, digo-o com a convicção de que temos possibilidades
de ir e vir, dizer e desdizer, romper e conciliar, chorar e rir, tolerar e
denunciar e muitos outros emparelhamentos que aqui já ficariam cansativos e, ao
mesmo tempo, desnecessários para atuarmos bem neste palco, nem sempre assistido
(ou vaiado) pela plateia que imaginamos que exista; alados: asas que nos dão a
liberdade, ou que são, num toque da tesoura social, cortadas com brutalidade.
Afora, pensando bem, cortar nossas asas seria um sofrimento momentâneo, logo
depois, a dor não existiria, e teríamos de conviver com a dor de não conseguir
voar, e isso não seria nossa mea culpa.
O verdadeiro
algoz, é aquele que causa o sofrimento
do qual nos sentimos culpados e responsáveis pelo nosso fracasso: ele, o algoz,
nos dá a comida e a água de que necessitamos, não nos mostra possibilidades de
voar, “aqui está bom, é cômodo, fácil”, e vamos nos tornando máquinas da ação e
reação: nada de mediu est nos
acontece, é sempre o mesmo, do mesmo jeito, amorfo. E a visão fica limitada, a
ação fica limitada. E o pior de tudo: O ALGOZ abre a portinhola e diz: “voa!”.
Mas fomos ensinados a não conhecer esse termo da língua vernácula. Assim,
alados e estáticos somos obrigados a morrer, minguar, vendo a possibilidade de sair,
tendo asas perfeitas, e a portinhola aberta. É, leitor, a portinhola está
aberta, entrementes, não é conhecido voar. Então, cale-se e aproveite o teatro,
que aqui se torna trágico. Posso ouvir o sarcasmo da risada daquele!
E aqui vai um
conselho: o travesseiro já está incomodando, não está? Vire-o, afofe-o, troque
a capa, a priori a cabeça se
encaixará melhor, no entanto o enchimento ainda continuará o mesmo, não há capa
que o transmute.
Percebi que
continuei divagando; não quero mais café; quero dormir; já são horas.