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domingo, 28 de agosto de 2011

Viver

Grite o mais alto que puder, nem que o lugar mais inapropriado para isso seja seu quarto!
Faça coisas que realmente lhe aprazem: cante, dance, ria, oh! Mas não se condene tanto!
Erre, caia, levante. Não queira ser o super-herói incorruptível!
Fale de amores, sentimentos que teve e terá, mas não se condene por um passado que já está enterrado, na lata do lixo.
Busque você: entre tantos estereótipos inflexíveis, crie o seu! Mas não seja impermeável, mecânico, já que é preciso, ao longo da vida, jogar o sapato apertado fora e comprar um  mais confortável.
Seja démodé, mas seja você! Não tente agradar tanto. Lembre-se: você é a pessoa mais importante da sua vida!
Tire a poeira dos anos, das lutas, das derrotas. O que estas coisas fazem é só criar uma fina camada de inutilidades, que pouco a pouco vão o fazendo perder o brilho e a limpidez!
Aumente o volume, mesmo que os vizinhos reclamem! É louvável ser feliz, somente!
Permita-se abrir a janela e olhar o quintal, com um olhar verdadeiramente novo: seus olhos verão aquilo que o seu coração quiser ver! Pense nisso!
Desligue a TV, não se aliene tanto! Pois as pessoas amam você, e talvez, a única coisa que elas esperam é um sorriso seu!
Abra a porta! Não tenha medo do desconhecido, na vida, suas chances têm 50% de dar certo, ou não!
Sinta o cheiro do café, mesmo que isso o faça relembrar – chorar - de momentos vividos outrora!
Não se atarefe demais, mas também não é bom ficar muito tempo sentado a beira do caminho!
Corra atrás dos seus sonhos, se cansar, descanse, você é humano! Não perca as esperanças elas são as molas propulsoras que impulsionam você e o farão ir avante!
Escute o conselho dos que atravessam o seu caminho, mesmo que não os siga na íntegra: conselhos são adaptáveis e individuais, qual será o melhor para você?
Acima de tudo, viva! Sua vida é um trunfo seu, um mérito já conquistado, basta apenas, romper a casca que o envolve e alçar um vôo rasante,
acima de tudo,
acima de todos!

Escrito em: 28/08/2011, às 22h14 
Vinicius Ribeiro Bagattine - toda reprodução deve citar a fonte e o autor.

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Pretérito Imperfeito

Se pudesse escolher o que sentir,
Se pudesse conter o que sinto,
Se pudesse dilacerar do peito um coração que palpita,
E ao mesmo tempo consome!
Se pudesse desferir a palavra que ficou presa na garganta!
Se pudesse derramar aquela lágrima, talvez a última, outra vez.
Mas se pudesse, também, escolheria nunca ter chorado.
Se pudesse confiar novamente e até desconfiar...
Se pudesse fazer o não feito,
Se pudesse não fazer o feito!
Se pudesse sonhar e acordar e realizar,
Fazer, viver!
Se pudesse amar incomensuravelmente e odiar menos! ( me ensine como!)
Se pudesse rever os conceitos, os preconceitos e discernir profundamente,
O que vale ou não a pena!
Se pudesse compreender e ser compreendido, como compreendo!
Se pudesse adquirir, desfazer-me e refazer-me.
Se eu pudesse, esse sou eu: pretérito imperfeito do subjuntivo!

domingo, 26 de junho de 2011

S.em t.ítulo

Debruço-me sobre um livro antigo,
Páginas soltas e empoeiradas,
As palavras falam comigo,
Vozes mudas, impassíveis, caladas.

No rodapé, anotações esquecidas,
De lembranças insurgentes, outrora, vividas.
Riscos e mais riscos, no rodapé, e na vida.
Mundos atravessados, nas linhas e na lida.

Leitor e livro dialogam, numa briga constante,
Vida e história, ora perpassam-se, ora separam-se,
É obvio, vida e história, são realidades distantes,

Ou não!

Virar a página é sempre um ofício destoante.

Lápide

Sobre a lápide fria e inerte,
Descansa um pensamento mais que dolorido,
Lágrimas de olhos marejados, vertem,
Numa profunda simbiose de saudade e alarido.

Busca-se um porquê, não respondido.
Um silêncio belicoso se levanta,
A dor parece tanta,
Que um coração no peito, bate corroído.

As plúmbeas letras talhadas,
Revelam um rei, na vida pobre e incompreendido!
Quem morre vira rei ou santo!
Essa é a verdade controvertida.

O Papel aceita tudo, a lápide também
Talvez aquele que passou na vida mudo,
Valha um vintém!

Ah! Os olhos novamente atravessam as inscrições,
A lápide continua e, continuará, fria e inerte,
O que foi, não se reverte.
E uma coisa é certa, contrapondo-se às desilusões:
Hic finis doloris vitae!

Sentido?


Diamantes brutos e abruptos,
Esse é o trunfo!
Pedras preciosas e ociosas,
Vales inexplorados,
Mãos calejadas,
“Achei!”
Ouro de Tolo!

Pessoas  brutas e não trabalhadas,
Esse é o segredo!
Joias escondidas e  perdidas,
Mundos desconhecidos,
Mãos que apedrejam e afagam,
“Entendi!”
Tolo de ouro!

S.em t.ítulo


Debruço-me sobre um livro antigo,
Páginas soltas e empoeiradas,
As palavras falam comigo,
Vozes mudas, impassíveis, caladas.

No rodapé, anotações esquecidas,
De lembranças insurgentes, outrora, vividas.
Riscos e mais riscos, no rodapé, e na vida.
Mundos atravessados, nas linhas e na lida.

Leitor e livro dialogam, numa briga constante,
Vida e história, ora perpassam-se, ora separam-se,
É obvio, vida e história, são realidades distantes,

Ou não!

                      Virar a página é sempre um ofício destoante.

domingo, 20 de fevereiro de 2011

O Guardador de Rebanhos

Nos arredores do reino de Cirene, o sol risonho da tarde de verão começa a entristecer-se. Perdendo sua coloração amarela e reluzente, ganha um novo matiz: torna-se frio e minguante. Sua vida parece ceder.
O velho ancião, guardador de rebanhos, analisa, imóvel, o magnificente pôr-do-sol. Vê os passeiformes a  trilar, batendo asas, retornando aos ninhos de outrora, de outras primaveras.
Sabe, ele, que já é hora de retirar-se dos campos baixos, onde  tranquilo pasta seu pequeno rebanho. "É prudente partir", sussurra a voz da experiência que o embevece e , de forma antagônica , o persegue, o enlouquece.
Toca seu instrumento, feito de bambus e cipós silvestres, e, as alvas ovelhas, uma a uma, começam a segui-lo.
A penosa subida iniciara: seu redil está plantado no alto da colina, a esquerda do reino. Seu passo trêmulo e cansado atrita com as pedras, que gastas pelo tempo, revelam um caminho aberto no regaço do monte. Cravados ao longo do caminho, estão os pés de de oliveira, que, nas intempestivas mudanças naturais, servem de abrigo aos peregrinos. 
E lá vai o homem fatigado pelo tempo, pelo trabalho. Ora escalando,  ora andando, ora acabrunhado. 
Chega, então, ao cume da colina. É possível ouvir o canto sempre constante do rio nascente, que enfeitiça os transeuntes. Acende sua fogueira, que pode ser vista e admirada pelos cirenenses. Junta um punhado de folhas secas e sem hesitar, deita-se.
Entre a tênue linha que separa o sono e a realidade, desfila-lhe uma lembrança. Começa a relembrar dos dias de infância, das reuniões domingueiras, daquelas vozes, dos amigos, da aurora da vida que o tempo, mesmo ele relutando, tirou-lhe como um algoz, que se alegra com prejuízo de sua vítima. Relembra dos afetos maternos, das dores, das dúvidas, das certezas, daquilo que foi ou daquilo que deixou de ser.
Paralela à subida ao monte, está a vida do homem, num crescente constante. O que lhe resta a não ser as lembranças? O rebanho de sonhos, de emoções, de anseios? Já que jazendo ali, adormece, como a criança que depois da repreensão e do acalento, deixa-se envolver pelo benevolente sono.