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domingo, 20 de fevereiro de 2011

O Guardador de Rebanhos

Nos arredores do reino de Cirene, o sol risonho da tarde de verão começa a entristecer-se. Perdendo sua coloração amarela e reluzente, ganha um novo matiz: torna-se frio e minguante. Sua vida parece ceder.
O velho ancião, guardador de rebanhos, analisa, imóvel, o magnificente pôr-do-sol. Vê os passeiformes a  trilar, batendo asas, retornando aos ninhos de outrora, de outras primaveras.
Sabe, ele, que já é hora de retirar-se dos campos baixos, onde  tranquilo pasta seu pequeno rebanho. "É prudente partir", sussurra a voz da experiência que o embevece e , de forma antagônica , o persegue, o enlouquece.
Toca seu instrumento, feito de bambus e cipós silvestres, e, as alvas ovelhas, uma a uma, começam a segui-lo.
A penosa subida iniciara: seu redil está plantado no alto da colina, a esquerda do reino. Seu passo trêmulo e cansado atrita com as pedras, que gastas pelo tempo, revelam um caminho aberto no regaço do monte. Cravados ao longo do caminho, estão os pés de de oliveira, que, nas intempestivas mudanças naturais, servem de abrigo aos peregrinos. 
E lá vai o homem fatigado pelo tempo, pelo trabalho. Ora escalando,  ora andando, ora acabrunhado. 
Chega, então, ao cume da colina. É possível ouvir o canto sempre constante do rio nascente, que enfeitiça os transeuntes. Acende sua fogueira, que pode ser vista e admirada pelos cirenenses. Junta um punhado de folhas secas e sem hesitar, deita-se.
Entre a tênue linha que separa o sono e a realidade, desfila-lhe uma lembrança. Começa a relembrar dos dias de infância, das reuniões domingueiras, daquelas vozes, dos amigos, da aurora da vida que o tempo, mesmo ele relutando, tirou-lhe como um algoz, que se alegra com prejuízo de sua vítima. Relembra dos afetos maternos, das dores, das dúvidas, das certezas, daquilo que foi ou daquilo que deixou de ser.
Paralela à subida ao monte, está a vida do homem, num crescente constante. O que lhe resta a não ser as lembranças? O rebanho de sonhos, de emoções, de anseios? Já que jazendo ali, adormece, como a criança que depois da repreensão e do acalento, deixa-se envolver pelo benevolente sono.  

3 comentários:

  1. PARABÉNS...Vinícius
    ta cada vez melhor!!!!
    adorei!!!

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  2. ola passando aqui pra dizer que adorei seu blog e que virei seu seguidor se quiser seguir o meu agradeço
    tenha um bom dia abraços e sucesosss
    http://audienciadatvrealtimes.blogspot.com/

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  3. Olá vincius,gostei muito do seu blog,aliás eu gosto muito de história,quando eu leio uma é como se eu estivesse vivendo ela,e é isso que as suas histórias me passaram,conectividade,isso é bom,ah já estou te seguindo viu?
    qualque dias desses visite o meu Blog
    www.hugootavio.blogspot.com
    ate

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